Um levantamento alarmante feito pela Metropolítica mostra que os supersalários dos desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) dispararam 25% no primeiro semestre de 2025, em comparação com igual período do ano passado. Ao todo, as 70 magistradas e magistrados da ativa receberam líquidos cerca de R$ 34,78 milhões, mais de R$ 7 milhões a mais que os R$ 27,67 milhões desembolsados em 2024, valores que já ultrapassam o teto constitucional de R$ 46.366.

O salto nos pagamentos é muito superior ao reajuste automático concedido sobre o salário básico da classe, corrigido em meros 5,35% este ano, conforme o índice aplicado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Enquanto o paradigma salarial subiu para R$ 41.845,48, as vantagens adicionais, os chamados penduricalhos, foram os principais motores do crescimento estrondoso dos contracheques.

As benesses que turbinaram os vencimentos incluem vantagens eventuais, que cresceram quase 40% em um ano, atingindo R$ 3,43 milhões pagos só em junho. Além disso, o TJ-BA elevou pagamentos com adicionais por tempo de serviço, abonos de permanência e indenizações para alimentação, moradia, saúde, transporte e outros auxílios. Um fenômeno que faz os salários líquidos de 46 desembargadores ultrapassarem R$ 130 mil em abril deste ano — quase três vezes o limite legal.

O cenário ainda é marcado por exceções: apenas três desembargadores ativos recebem abaixo do teto e estão afastados por investigações, como Maria do Socorro Barreto Santiago e Cassinelza Lopes, implicadas no caso Faroeste, além de Jefferson Alves de Assis, sob suspeita de conluio com facções criminosas. Essa realidade confirma a constatação de que os supersalários continuam sendo o elefante branco do TJ baiano, causando impacto direto e elevado gasto aos cofres públicos.